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Setembro Amarelo e a PM no Brasil - Por que os policiais brasileiros estão cometendo suicídio?

O aumento do número de suicídios de policiais


Atualmente o suicídio é a causa da morte de mais de 800 mil pessoas por ano no mundo. O assunto ainda é um tabu na sociedade e mais ainda na categoria dos profissionais da polícia.


A temática do suicídio, entretanto, precisa ser discutida amplamente. Afinal, só no estado de São Paulo, por exemplo, entre 2012 e 2017, houve um suicídio de policial a cada quinze dias!


Segundo a Ponte Jornalismo, ainda no Estado de São Paulo, entre os anos 2017 e 2018, a Ouvidoria das Polícias do estado divulgou que houve um aumento de 73% das ocorrências de suicídio. Foram 20 casos ao longo de 2017 e 51 registros em 2018.


No Rio Grande do Sul, nos últimos 10 anos, cerca de 50 policiais cometeram suicídio; no Ceará 18 PMs; no Rio Grande do Norte e Alagoas, no mesmo período, 8 ocorrências cada.


Entre 2016 e 2018, no Distrito Federal, foram 11 suicídios entre policiais e no mesmo período na Bahia, foram 21 PMs segundo a Associações de Policiais e Bombeiros e de seus familiares (Aspra-BA). A PM baiana não confirma e não disponibiliza esses dados referentes aos suicídios cometidos neste período.


Confira abaixo esses e outros números de policiais militares que tiraram a própria vida:


(Agência Pública/Reprodução)

Possíveis causas do suicídio policial


Algumas doenças e sofrimentos de ordem emocional e mental estão associadas ao suicídio. Depressão, transtorno afetivo bipolar e os transtornos de personalidades são algumas delas. A questão é que o cuidado com a saúde mental ainda é um tabu no Brasil e, principalmente, na classe policial.


Diversas interpretações errôneas, que envolvem julgamentos de valor e valores culturais permeiam essas doenças. Na visão do “senso comum”, as pessoas associam à depressão ao fracasso pessoal, “falta de Deus” ou até mesmo como uma “frescura”, algo passageiro.


A medicina, os números e relatos sobre sofrimento mental, entretanto, revelam o contrário: qualquer pessoa pode estar vulnerável a essas doenças, que precisam ser encaradas e tratadas como doenças.


O preconceito e a vergonha em falar sobre o assunto também está presente entre os policiais. O pesquisador de segurança pública e coronel Adilson Paes de Souza, pesquisa o tema e falou sobre ele amplamente na mídia.

“Há muitos casos que não são notificados e muitos não buscam o tratamento psiquiátrico porque vão sofrer chacota no ambiente de trabalho. Serão chamados de covardes e fracos.”

Para ele, essa vergonha em falar faz com que o policial não busque o tratamento adequado.


Além disso, a profissão do Policial Militar é uma das mais perigosas entre todas as outras. Os policiais precisam lidar com um cotidiano tenso de trabalho, junto ao peso da alta mortalidade da categoria em serviço. De acordo com especialistas, essa tensão constante pode sim contribuir para o sofrimento emocional e levar ao suicídio.


Medo de não ser promovido


Segundo um ex-policial militar de Joinville, que teve sua identidade preservada, a vida de um policial é como andar na corda bamba: “Se você vacilar, você morre. Se você exagerar, vai preso. Será que eu arrisco levar um tiro ou arrisco dar um tiro?”, disse.


De acordo com o pesquisador e coronel Paes de Souza, um dos fatores que também corrobora para o policial militar não buscar tratamento é o medo de não ser promovido. “A promoção de oficiais é por merecimento ou por tempo de polícia. E por merecimento você pode ser promovido mais rápido, porém, se você tem algum transtorno psicológico na sua ficha, é possível que você não seja escolhido para determinados postos para ‘não dar problema lá’”, explica.


Problemas familiares e trabalho precário


Os policiais militares ainda têm que lidar com problemas familiares e baixa remuneração, fatores que contribuem para o gatilho de doença mentais. Segundo o Fórum de Segurança Pública, cerca de 51% dos policiais militares já tiveram problemas com o sustento de suas famílias. Quase 40% dos PMs têm familiares que sofreram algum tipo de violência ou ameaça por serem parentes de um policial.


A tensão do militar, quando não tratada corretamente, pode desenvolver, também, um comportamento violento. Tudo isso também contribui para que o policial recorra ao uso excessivo de bebidas alcoólicas, drogas ilícitas e a dependência de remédios antidepressivos.


O coronel e pesquisador Adilson Paes de Souza reforça que o fato de 1 policial cometer suicídio a cada 15 dias no Brasil não deve ser naturalizado.



(Agência Pública/Reprodução)

PMs afastados por distúrbios mentais no país


Os demais estados não forneceram dados de suicídios e afastamentos, o que dificulta o pesquisador Adilson Paes de Souza para estudar com profundidade este fenômeno.


Como procurar ajuda?


A qualquer sinal de estresse constante, angústia e tristeza frequente, falta de interesse por atividades que antes gostava muito de fazer ou pensamentos negativos que envolvem morte, é preciso procurar ajuda especializada: médicos, psicólogos, terapeutas profissionais ou centros de atendimento em saúde mental.


Apenas um médico pode diagnosticar caso de depressão e somente ele pode encaminhar para o tratamento adequado. O especialista adequado nestes casos é o psiquiatra.


Outros canais que podem oferecer ajuda são os sites setembroamarelo.com e cvv.org.br, que informam sobre como procurar um tratamento ideal. Além disso, você pode ligar no 188, atendimento voluntário e gratuito para todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.



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