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Perícias em locais de crime com encontro de cadáver – Passo a passo


Sempre que ocorre um crime, com danos materiais ou pessoais, a polícia aciona a perícia. Quando a ocorrência envolve a morte, sua importância e complexidade aumentam significativamente.


Após o acionamento da perícia, entra em cena (literalmente) uma equipe formada por profissionais de diversas áreas. Tudo em busca da verdade e da justiça. Vamos conhecer agora, um pouco da rotina de atendimento de locais de crime, com encontro de cadáver.


Ao chegar à cena de crime, o perito, acompanhado do fotógrafo forense, faz uma análise do local. A primeira ação é verificar se ele está, ou não preservado. Caso não esteja, deve-se isolá-lo de imediato, para proceder a coleta de evidências – ninguém mais pode entrar ali, nem a polícia.


A natureza de cada crime altera os detalhes da perícia, mas os procedimentos gerais depois de isolar a cena são:

  • Observação;

  • Registro e coleta de evidências;

  • Análises laboratoriais das evidências;

  • Conclusão – Emissão do laudo com a listagem das pistas encontradas e possíveis associações entre elas.


A operação é coordenada pelo perito criminal responsável, com a colaboração de especialistas. Os laboratórios ajudam o perito a obter o embasamento técnico sobre o caso antes de redigir o laudo com sua conclusão.


A perícia, no entanto, não interroga testemunhas nem suspeitos, como acontece nos seriados da TV. Isso é papel dos investigadores de polícia.


Perito de Parauapebas (Pará) fazendo exame perinecroscópico

Ainda na cena do crime, o perito faz um exame perinecroscópico, que é a análise externa do cadáver e do que está ao seu redor. O local e a posição em que o corpo está, e os tipos de lesões visíveis, fornecem indícios a serem complementados pela autópsia.


O trabalho do perito é encontrar e encaixar peças que remontem o quebra-cabeça do crime. Para isso, ele observa e anota detalhes da cena, o corpo e a presença de armas, de sinais de luta, de arrombamento etc., além de coletar vestígios.


O perito dispõe de acessórios para observar e coletar evidências. Luvas e aventais evitam que ele contamine a cena do crime. Luzes especiais realçam pistas discretas, como manchas de sangue apagadas ou resquícios de matéria orgânica.


O fotógrafo forense apoia a perícia registrando a cena sob direção do perito criminal – é ele quem indica o que deve ser fotografado e sob qual ponto de vista. As fotos ilustram o relatório final e auxiliam na reconstituição do crime, quando necessário.


Tudo que está na cena do crime pode fornecer pistas sobre o aconteceu, desde a posição dos objetos até as dimensões do cômodo. A distribuição e a forma das gotas de sangue, por exemplo, podem indicar a direção de um tiro e a posição da vítima durante a ação.


O datiloscopista é o especialista responsável por detectar e coletar “impressões latentes”, ou seja, marcas de gordura deixadas pelo relevo da nossa pele em superfícies lisas. O procedimento básico da coleta consiste em assoprar um pó especial que adere à gordura da digital, e carimbá-la em um papel especial.


O isolamento da cena do crime é fundamental para o trabalho da perícia. Geralmente, quem cerca a área é a Polícia Militar, que é quem recebe a ocorrência e chega primeiro ao local. Essa etapa é tão importante que está prevista até no Código Penal brasileiro.


Devem ser utilizados saquinhos para a coleta de evidências. Todos devem ser lacrados para garantir a integridade das pistas. Padrões em manchas de sangue são medidos, indicando a posição da vítima ao ser atingida e até se o ferimento foi provocado por tiro ou facada. As impressões mais comuns são as digitais, mas ranhuras do pé e até da lateral da mão são exclusivas de cada indivíduo e servem para identificar suspeitos.


Equipe de Peritos de Quixeramobim, fazendo remoção de cadáver a ser encaminhado para o IML

Depois que a cena é liberada, é feita a remoção do(s) cadáver(es). Aí, entram em ação os médicos legistas, especializados em investigar os corpos, em busca de pistas do que aconteceu.


O médico-legista faz a necrópsia – análise interna do cadáver – em busca das circunstâncias, da hora e da causa da morte.


Se um corpo é queimado ou enterrado, antropólogos e odontologistas forenses são acionados para identificá-lo, usando o que sobrou dos ossos e da arcada dentária, respectivamente.


Se o corpo estiver em decomposição, é necessário chamar um entomólogo forense – especialista em insetos – para estimar a hora da morte. Ele consegue fazer a aferição baseado na quantidade e tipos de insetos e larvas presentes no cadáver – ou no que restou dele.



Baseado no texto de Artur Fonseca e Tiago Jokura

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