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Segurança Pública, no limite.


Quais as maiores dificuldades no campo segurança pública? Essa pergunta é relevante porque, na medida em que o Brasil não está e nunca esteve bem nessa questão, é importante, no mínimo, identificar os principais entraves, as principais deficiências, e mesmo as condições responsáveis pela manutenção desse cenário que piora a cada dia.

Eu não acredito que falte capacitação aos agentes públicos responsáveis pela segurança, afinal, os concursos são complexos e a formação dos aprovados, servidores dessa área, considera todos os aspectos internacionalmente estabelecidos e aplicados com resultados muito positivos em outros países. Também não acredito na falta de investimentos, não. Por mais que pareça que isso seja verdade, nós descartamos essa possibilidade quando comparamos os investimentos do Brasil com o de outros países no campo da segurança pública. Veja, o Brasil gasta 84 bilhões por ano em segurança, isso equivale a quase um e meio por cento do PIB o que é muito próximo do que a França investe nesse setor e, ainda mais, se desconsiderarmos os investimentos contra o terrorismo, isso é mais do que o percentual do PIB gasto pelos Estados Unidos em segurança pública. Definitivamente, não é uma questão de falta de investimentos.



Mas então, o que é? Com profissionais qualificados e altos investimentos, não há dúvidas de que deveríamos estar numa situação melhor... E a situação do Brasil, no que diz respeito à segurança pública, ao combate à criminalidade e em especial à investigação criminal, está entre as piores entre todos os países do planeta. O Brasil investiga mal; o sistema judiciário, demasiadamente lento, é ruim e, no final das contas, o Brasil prende muito e muito mal. Por que?

Sinceramente não é difícil entender. E eu venho enfatizando esse ponto já há algum tempo. Primeiro o Brasil investe muito, mas errado. Porque, especialmente num país de dimensões continentais, deveriam ser direcionados investimentos para o setor de inteligência de informatização de processos, de automação. Não é possível; enquanto o mundo desenvolvido ingressa a passos largos na era da Inteligência Artificial, no Brasil, a maior parte das polícias, dos órgãos destinados à investigação, não conta sequer com uma rede de computadores estável e sistemas computacionais de apoio operacional. Parece brincadeira. Mas a situação ainda vai piorar se isso continuar assim.

E esse não é o principal entrave. A questão fundamental, a meu ver, não está na segurança propriamente dita. Porque a segurança, como a maioria dos setores institucionais, também sofre as consequências da ausência de políticas educacionais sérias e continuadas. E pelo que eu sei, isso nunca houve aqui.

Investimentos imediatos em inteligência produzirão resultados rápidos em poucos anos, eu não tenho dúvidas disso. Contudo somente investimentos de longo prazo em educação é que poderão salvar o Brasil. Salvar. Salvar mesmo. Porque, se continuarmos nessa curva descendente no campo da Segurança Pública, não haverá salvação possível.

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