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Na exumação, o cadáver se mexeu... Como?

Na esfera criminal, uma exumação é necessária quando surge alguma dúvida quanto à morte. Por exemplo, situações onde o laudo pericial descreve aspectos diferente do que todas as testemunhas dizem ter visto ou um reconhecido especialista que diverge frontalmente dos resultados apresentados pelo perito e pelo médico legista, podem convencer o juiz de que é necessário exumar o cadáver.



Eu já participei de algumas exumações. E, acredite, não é algo bom de se ver e principalmente, o cheiro é insuportável. Ninguém se acostuma. Mas houve uma exumação, em especial, que me chamou atenção. Quando a tampa do caixão foi retirada, eu tive a nítida impressão de que o cadáver havia se movido. Seu braço esquerdo estava esticado e, vocês devem saber, ninguém é enterrado com um braço esticado. Bem, embora tivesse feito muitas conjecturas, foi só recentemente que eu entendi o que havia acontecido. Assista até o final e entenda.


Quando eu observei o braço esquerdo do cadáver esticado e paralelo ao corpo, imediatamente comentei com o Médico Legista que participava da exumação comigo. Ele disse que poderia ter sido o movimento do caixão nos momentos em estava sendo colocado no fundo da vala. Não me convenci daquilo e passei a tentar entender. Claro, antes que vocês imaginem coisas, não cogitei que ele tivesse sido enterrado vivo, não. Eu sabia que aquele corpo havia sido necropsiado. Não havia qualquer hipótese de ele ter sido enterrado vivo.

Bem, mas tinha se mexido! E eu não imaginava que isso pudesse acontecer. Não encontrei nada na literatura e os muitos médicos-legistas com quem falei, pareceram não se interessar pelo caso e não deram qualquer explicação aceitável.


Mas recentemente eu tive a resposta! Os cadáveres podem, sim, se mexer. Mesmo em avançado processo de decomposição. Mas por incrível que pareça, essa descoberta é recente. Foi um grupo de cientistas de uma Fazenda de Corpos em Sidney, na Austrália, que constatou, documentou e explicou o fenômeno.


Os pesquisadores australianos acompanharam e fotografaram cadáveres ao longo de 17 meses para verificar a evolução dos movimentos. Em um dos casos, bastante parecido com o que aconteceu ao cadáver da exumação que participei, o corpo iniciou a decomposição com os braços colados ao corpo e ao final do período ele já estava com os braços abertos. Para não perder nenhum detalhe, os cientistas tiram uma foto do corpo a cada trinta minutos, durante os 17 meses e assim, puderam ver claramente a movimentação.


Mas por que o cadáver se movimentou? Bem, é evidente que algum movimento post-mortem é esperado, especialmente nos estágios iniciais da decomposição, mas as pesquisas demonstram que eles continuam a se movimentar de acordo com o desenvolvimento do processo de decomposição. Os movimentos persistem quando o corpo mumifica, somente nesse caso, isso acontece devido à secagem dos ligamentos. Incrível, não é mesmo?


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